Municípios querem o direito de se manifestar sobre a questão que, embora traga importantes avanços, também causa impactos irreversíveis no meio ambiente e na economia local – como já se viu antes noutros municípios mineiros

Prefeita de Manhuaçu discursa em manifestação contrária a mineração.(Imagem: Facebook MAM)

A atividade de mineração corresponde à extração de minérios e outras riquezas minerais do solo. A economia brasileira sempre esteve de braços com a extração de minérios, desde os tempos que o Brasil era uma colônia.

No seu aspecto positivo, a atividade traz um avanço significativo ao país e, mais precisamente, às regiões às quais se insere. Por exemplo, aumenta a qualidade de vida, gera empregos, traz inovação tecnológica, fornece matéria prima para outros segmentos da indústria, transforma a região em um polo de crescimento econômico e entre outros.

Mas o passado sempre vem à tona

Na teoria, a mineração é isso. Porém, quando se olha para trás e se lembra do que ocorreu nos municípios de Mariana e Brumadinho, ambos em Minas Gerais, em 2015 e 2019, o sentimento é de consternação.

Para quem não se lembra, ambas as cidades foram soterradas pela lama gerada nos respectivos reservatórios da Samarco e da Vale. Isso em menos de 5 anos.

Toda aquela água e barro dos reservatórios, que continham dejetos minerais e outros químicos, simplesmente atolou as duas cidades, matando milhares de pessoas e contaminando todo o solo e lençóis de água da região.

Uma catástrofe ambiental, registrada pela imprensa do mundo inteiro e cujas mineradoras responsáveis ainda não ressarciram devidamente os sobreviventes.

Comprometeu a vida, a economia e o sustento de centenas de famílias.

O medo gera dúvidas em Carapaó

É diante deste cenário, que a região do Carapaó, também em Minas Gerais, se depara com o medo e a incerteza de ter que aceitar a mineração, a contragosto de seus habitantes.

Hoje, após a ocorrência destas catástrofes em Mariana e Brumadinho, em menos de 5 anos, sabe-se o quanto a mineração no Brasil é uma atividade que gera dúvidas, em razão dos impactos ambientais que pode causar – principalmente a estas famílias que vem de uma agricultura de subsistência.

Riscos da Mineração

– remoção por completo da vegetação local;

– poluição dos recursos hídricos, tanto superficiais quanto subterrâneos;

– contaminação do solo com elementos tóxicos;

– erosão no solo, que sem os cuidados da empresa, implicam em deslizamentos;

– Sedimentação e poluição de rios por causa das rochas, minerais e químicos despejados;

– mortandade dos peixes que abastecem a região;

– contaminação das águas e

– poluição sonora.

População quer ser OUVIDA!

Para tanto, a população quer fazer valer a sua voz, a sua vontade.

Autoridades locais e pequenos produtores buscam o apoio dos poderes constituídos a fim de garantir a preservação da região, munidos de documentos e estudos que comprovam os riscos que a extração de minérios pode trazer à região do Caparaó.

Uma coisa é certa: a União não pode deixar de levar em conta um plebiscito, entre os moradores, com o aval dos poderes constituídos e empreendedores da cidade. Do contrário, seria interessante que a empresa interessada na região, se comprometesse desde já a arcar com os riscos e também com prováveis prejuízos da população, ressarcindo-os de antemão com o início de suas atividades.

Seria justo, seria correto, seria o esperado de uma empresa séria e determinada a explorar o solo com responsabilidade.

Afinal, como já fora bem observado, os moradores de Mariana esperam há mais de 5 anos por início de reconstrução de comunidade em Barra Longa, sendo que prazo para entrega dos reassentamentos venceu em 27 de fevereiro com multa de R$ 1 milhão por dia de atraso, enquanto os moradores de Brumadinho recebem valores mensais como indenização – o que não resolve seus problemas.

E se a situação é diferente, porque a empresa é outra, com certeza, os moradores, não podem simplesmente deixar que o processo aconteça sem a devida participação da sociedade.

Já existem licenças aprovadas para a Mineração Curimbaba iniciar as atividades na região, sendo estas emitidas por órgãos estaduais ou federais, o que limita a ação do município para restringir a mineração em suas áreas.

O que diz a Mineração Curimbaba?

Segundo Deidimar Pena, que tem contato com a empresa, o processo de extração da bauxita é diferente dos utilizados em Brumadinho e Mariana, e as leis estaduais e a fiscalização em Minas Gerais evoluíram após as tragédias ocorridas, não permitindo que algo semelhante aconteça em suas instalações.

Além disso, as áreas a serem exploradas são onde atualmente existem lavouras de café, sem prejuízos a matas ou à agricultura familiar.

Que a população seja levada em consideração durante todo esse processo. Que não se vise apenas a questão econômica, mas sim, ambiental e social que é muito importante e afeta milhares de vidas. É o mínimo que se espera por parte tanto dos governantes como dos empresários.

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